A teoria da sexualidade de Freud
- Cristiane Marques

- 3 de jan. de 2023
- 4 min de leitura
Em 1905, Sigmund Freud lança o seu estudo “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. As ideias trazidas por ele, revolucionaram toda a sociedade da época, gerando um choque cultural. Alguns ficaram escandalizados e, mesmo autores que acompanhavam Freud até o momento, romperam com ele a partir dessa concepção.
Isso se deu porque Freud passou a defender que a sexualidade tem início numa fase anterior à adolescência. Para Freud, a sexualidade tem início na infância, já na fase de recém-nascido. Porém, apesar das suas ideias assustarem toda uma época, ele expandiu o conceito e entendimento de sexualidade para além do “sexo” como se pensava. O termo “sexual” é bastante amplo e envolve atividades que não possuem relação apenas com os órgãos genitais. A vida sexual engloba a busca pelo prazer nas diversas esferas.
Observando o comportamento das crianças, Freud constatou algumas práticas que ele considerou formas de sexualidade, porém de maneira inofensiva e ingênua, diferente da forma como é vivida e sentida pelo indivíduo adulto.
O fato é que a Teoria da sexualidade de Freud continua viva atualmente, fonte de estudo das mais variadas áreas, já que, como defendia o seu criador, ela representa o caminho para uma sexualidade saudável.
Para o entendimento da sua teoria, Freud nos trouxe o conceito e o entendimento de pulsão e libido.
A pulsão é entendida como o representante psíquico das excitações provenientes do interior do corpo, cujo objetivo é a busca pelo prazer. Ela está situada entre o psíquico e o somático, já que a existência de uma tensão somática busca a sua descarga por meio de um objeto. Pode ainda ser compreendida como uma força constante que tem origem em algum processo somático e que pressiona o aparelho psíquico para que esse trabalhe na obtenção da sua satisfação/prazer. As pulsões costumam ser divididas em pulsões de autopreservação (pulsões do ego) e pulsões sexuais. As primeiras cederão componentes libidinais para as segundas. É importante ressaltar que a pulsão sexual não está restrita à manifestação dos instintos sexuais. Ela é um impulso energizado pela libido.
Freud propôs a nomenclatura de Eros e Thanatos para se referir, respectivamente, à pulsão de vida e de morte. A primeira traz a ideia de amor e construção. A segunda traz a ideia de ódio, agressividade e destruição. Segundo ele, ambas coexistem no funcionamento psíquico do ser humano.
A libido é entendida como a manifestação dinâmica, da pulsão sexual. Uma força/energia que movimenta o indivíduo em busca do prazer. Energia essa que circula livremente pelo organismo humano. Entendida ainda como a energia motora da pulsão de vida, cujo objetivo é a descarga em objetos.
Freud então defende, que o desenvolvimento psicossexual está pautado numa organização de fases do desenvolvimento dessa libido humana. Ele cita 5 fases (oral, anal, fálica, latência e genital). Tais fases possuem uma ordem cronológica, como veremos, porém, elas não são estanques e estão na dependência das experiências subjetivas vividas por cada ser. Por exemplo, conflitos vividos em determinadas fases podem se instalar e deixar marcas permanentes, impedindo o curso natural das etapas. A esse fenômeno dá-se o nome de pontos de fixação ou pontos nodais. Na prática, essa fixação em determinados estágios pode ser retomada em períodos de crise na vida do indivíduo, fazendo com que ele regrida a algum desses pontos.
Vamos agora discorrer um pouco sobre cada uma das fases do desenvolvimento psicossexual propostas por Freud:
FASE ORAL – Essa fase vai do nascimento até perto dos dois anos de idade. Ela tem a boca como a sua zona erógena. Aqui, o bebê tem a satisfação do seu prazer, principalmente por intermédio da boca. Através da pulsão de autopreservação, a sua fome é saciada pela amamentação no peito da mãe. Além de saciar sua fome, o bebê também experimenta o prazer do carinho, do toque, do aconchego e da segurança materna. Quando o indivíduo apresenta alguma fixação nessa fase, ele pode experimentar uma regressão em momentos de crise, evidenciada por hábitos relacionados à boca, tais como: falar, beber e comer demais, fumar, mascar chicletes, roer unhas. Além disso, pode-se observar sinais de medo, desamparo, dependência e baixa tolerância à frustração.
FASE ANAL – Essa fase costuma envolver o segundo e terceiro ano de vida da criança. A zona erógena está relacionada aos esfíncteres de micção e evacuação. Nessa fase, a criança passa a se dar conta da possibilidade de excretar e reter coisas. Isso dá a ela uma sensação de controle. Indivíduos fixados nessa fase podem apresentar sinais de ambivalência, manipulação e competitividade excessivas.
FASE FÁLICA – Essa fase vai dos três anos até o quinto ou sexto ano de vida. Aqui, os genitais são as zonas erógenas. A criança começa a se perceber, e perceber, inclusive as diferenças entre o corpo masculino e o corpo feminino. Uma fase marcada pela curiosidade quanto aos órgãos genitais. A fase dos “por quês”! Cabe a essa fase um importante conceito trazido por Freud: O complexo de Édipo e, também o Complexo de castração. Aqui, a criança começa a triangular com os pais e perceber a sua individualidade, ela percebe que a mãe não pode ser só sua. Ela sofre essa castração da perda. É importantíssimo que a criança vivencie essa fase e siga para as demais com uma boa resolução desse Complexo de Édipo. Em geral, quando o indivíduo não tem esse Complexo de Édipo bem resolvido, ele fica fixado nas fases oral e anal.
FASE DE LATÊNCIA – A partir dos seis anos até o início da puberdade (por volta dos onze anos), tem-se um hiato nessa evolução. Nessa fase, não se fala em zona erógena. A criança está voltada para o desenvolvimento das suas estruturas egóicas e isso envolve um período rico em sociabilidade.
FASE GENITAL – Essa fase tem início a partir da puberdade e se estende à vida adulta. O genital é a zona erógena. Aqui o indivíduo vai experimentar a sua sexualidade plena e, quanto mais saudáveis tiverem sido as suas fases anteriores, mais saudável será o seu período de maturidade.
Assim, fica clara a importância da Teoria desenvolvida por Sigmund Freud! Ela nos proporciona uma riquíssima ferramenta de entendimento do processo evolutivo humano.
Cristiane Marques - Psicanalista Clínica






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